sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

AS 10 melhores HQs de 2010

Início de ano é uma época em que,tradicionalmente, fazemos aquelas listinhas com as melhores (ou piores) coisas que aconteceram, separadas por ramos, linguagens, ações etc. Como disse Dafne Sampaio: "Listas são em essência uma referência e uma forma de organizar o mundo".

Segue a minha lista das melhores HQs de 2010 (obviamente não li tudo que foi lançado, mas essas aqui vale muito a pena ler!!):


10 - X-Men – garotas em fuga, de Chris Claremont & Milo Manara (Panini)
Não é todo dia que a gente tem a oportunidade de conferir uma HQ escrita por um autor bom e desenhada por um autor muito bom. Sinceramente, nem curto X-Men, mas Chris Claremont soube bolar uma trama na qual Manara pudesse destilar todo seu talento em desenhar mulheres sensuais. Na HQ, Garota Marvel, Psylocke, Vampira, Lince Negra e Tempestade estão de férias na Grécia (uma ótima desculpa para Manara desenhá-las de biquini e roupas bem a vontade - tá vendo como a presença de um bom roteirista faz diferença!!), quando a Garota Marvel é sequestrada por um grupo terrorista e as beldades, digo, as heroínas, partem em busca dela mas acabam entrando num campo de força que retira todos os seus poderes. Nem é tão genial assim, mas vale pela curiosidade de ver as X-Men no traço de Manara - e o trabalho que ele fez com a Tempestade ficou muito bom!!


9 - Hiroshima: a cidade da calmaria, de Fumiyo Kouno (JBC)
A HQ apresenta 3 histórias que se passam na cidade que dá nome à HQ e mostra como os efeitos da bomba H ainda se fazem presentes no povo de lá mesmo anos depois daquele fatidico 6 de agosto de 1945. A narrativa é meio confusa e o traço da autora deixa todos os personagens parecidos com crianças, mas fica muito interessante na representação de cenários. A HQ convence mesmo pela sensibilidade: em 2005, às vesperas de completar o aniversário de sua irmã - morta no dia que a bomba caiu na cidade - um senhor de certa idade volta a Hiroshima para conversar com pessoas que conheceram sua irmã e relembrar como ela era, pois ele já estava esquecendo. Essa cena, que nem é o núcleo principal da história, me marcou bastante.


8 - Salomão Ventura – Caçador de lendas 1, de Giorgio Galli (publicação independente)
Como todo fã do gênero Terror, fico muito feliz quando surge um publicação que se preocupa em narrar uma história realmente  e não aquele monte de acontecimentos sangrentos e sem conexão uns com os outros (que são legais também, mas já estou cansando destes). De quebra, o autor resgata as origens do folclore brasileiro e apresenta o Saci-Pererê em sua versão original: um conto de terror para assustar a criançada. Para quem gosta do gênero, é uma leitura obrigatória. Fiz uma resenha desta obra aqui.


7 - Berço de corvos, de María Saragoza & Dídac Plà (editora Arx)
Essa eu comprei no escuro, li o texto de divulgação e arrisquei. Valeu a pena!! A HQ narra a história de um cara que tem poucos dias de vida e resolve passá-los na presença de uma prostituta, mas a única que topa esse programa é uma garota com tantos problemas pessoais quanto o rapaz. O que deveria ser uma orgia vira um psicodrama com cada um recontanto, ou tentando reinventar, sua história. A arte de Dìdac Plà me lembrou muito os trabalhos de Modigliani. Por tudo isso, um trabalho que vale a pena ser lido.


6 - Cicatrizes, de David Small (Leya Cult/Barba Negra)
Sinceramente, não aprecio muito quadrinhos biográficos porque geralmente é aquela choradeira de caras que não pegam ninguém ou que vivem bêbados (ou os dois) e têm a pretensão de achar que a vidinha besta deles é interessante para alguém ler e acompanhar somente devido a seus sofrimentos. Aqui não, o autor não narra problemas "inventados" ele enfrenta um problema sério, uma verdadeira tragédia na vida de qualquer pessoa: câncer. (mais especificamente um câncer no pescoço) e a consequencia que isso resulta nas relações com a família e a sociedade em geral. É um trabalho cheio de desgraça e com uma sensibildade tocante.

5 - Frankenstein, de Sergio Sierra & Meritxell Ribas (editora Arx)
Não sei se todos sabem, mas deveriam: Frankenstein é um dos melhores livros já publicados! A obra é focada na solidão e na angústia do jovem cientista Victor Frankenstein que cria um monstro a partir de pedaços de cadáveres e passa a ser perseguido por essa criatura (que nem chega a receber nome algum). Só isso já valeria o investimento nessa obra, mas o que mais chama atenção aqui é o traço de Meritxell Ribas  - que leva o título de desenhista com o nome mais estranho que eu já ouvi falar, na verdade, nem sei se é um homem ou uma mulher. Mas isso não importa, o que importa é a sua magnífica arte, ao que parece feita em papel preto e pacientimente raspada, como um negativo, como alguns trabalhos de Shimamoto, mas Meritxell me pareceu mais detalhista. Uma pena que os trabalhos publicados pela editora Arx (como este, Berço de Corvos e uma quadrinização de Allan Poe) tenham passado batido no cenário de quadrinhos...

4 - Xampu – lovely losers, de Roger Cruz (Devir)
Nos anos 1980 Roger Cruz viveu um tempo num apartamento com uma galera chegada em sexo, drogas e rock n' roll. 20 anos depois, ele tenta reencontrar essa galera e repassa para o papel sua tentativa de rever o pessoal bem como apresenta alguns deles e algumas histórias que ocorreram no apê. Além do tema e do traço, a narrativa chama atenção; Cruz utiliza recursos interessantes em diversos momentos. Confiram uma resenha mais detalhada que eu fiz aqui.


3 - Loucas de amor em quadrinhos, de Gilmar Rodrigues & Fido Nesti (editora Ideias a granel)
Essa HQ é a grande ausência que eu senti nas listas de melhores do ano que estão circulando em alguns sites por ai... talvez pelo fato de ter sido lançada no início do ano... uma pena... O álbum conta algumas histórias sobre mulheres que se apaixonam por seriais killers e assassinos sexuais, há também interessantes relatos de pessoas inocentes que foram presas sobre a acusação de estupro e o relato veridico de um estuprador anão, entre outros assuntos também relacionados ao tema. Tudo com muita sensibilidade. Confiram resenha aqui.

2 - O que aconteceu ao homem mais rápido do mundo?, de Dave West & Marleen Lowe (Gal Editora) 
É uma história curtinha e muito singela. Uma bomba esta prestes a explodir no centro de Londres e Bobby Doyle é a única pessoa que pode fazer alguma coisa para salvar milhões de vida - uma vez que ele tem o poder de parar o tempo - mas isso vai lhe custar um preço alto, muito alto. É uma história de sacrifício e atos heróicos - embora o personagem não seja um super-herói como estamos acostumados. Me impressionou bastante. Sem contar a belíssima capa, que foge do lugar comum à maioria das HQs (é uma pena que os prêmios voltados aos quadrinhos no Brasil não incluam a categoria Melhor Capa - essa ganharia desparado).

1 - Gefangene – sem saída, de Koostela (Zarabatana books)
Nesta HQ, Koostela narra suas experiências negativas de morar em outro pais, no caso a Alemanha. A arte dele não é lá grande coisa - me lemborou o OTA da MAD - mas isso é recompensando pelo conteúdo: 31 histórias curtas sobre prisão, censura e outras privações que pessoas infligem em seus semelhantes. O autor usa também uma diagramação bem interessante que remete às grades de uma cela. O mais legal são as diversas interpretações que a gente vai fazendo no decorrer da leitura. Drama e crítica misturados com uma arte simples e muita sensibilidade. Confiram uma resenha aqui.

E ai, alguém concorda? Discorda?

Qual é a lista de vocês?